Introdução: O presente trabalho investigou a relação entre o uso de loot boxes em jogos online e o desenvolvimento de comportamentos de risco semelhantes aos de jogos de azar entre adolescentes brasileiros de 13 a 17 anos. Essas mecânicas, baseadas em aleatoriedade e reforço intermitente, têm gerado crescente preocupação por reproduzirem dinâmicas de aposta em um público marcado por vulnerabilidades emocionais, sociais e cognitivas. No Brasil, o debate ainda é incipiente, e a ausência de regulamentação específica contrasta com medidas já adotadas em países como Bélgica, China e Reino Unido, que implementaram restrições, transparência obrigatória e ferramentas de controle parental. Tal contexto aponta para a necessidade de compreender os impactos psicológicos e sociais do fenômeno, bem como de refletir sobre suas implicações legais. Objetivos: O objetivo central foi analisar em que medida o engajamento com loot boxes pode contribuir para a manifestação e severidade de comportamentos de jogo problemático em adolescentes, considerando sintomas como impulsividade, perda de controle, tolerância, abstinência e gastos excessivos. Materiais e Método: A metodologia adotada consistiu em uma revisão bibliográfica exploratória-descritiva, com levantamento sistemático de artigos científicos, teses, relatórios e documentos nacionais e internacionais. A análise buscou identificar padrões, divergências e lacunas na literatura, especialmente no contexto brasileiro, além de relacionar os dados encontrados às discussões sobre saúde pública e políticas regulatórias. Resultados: Os resultados apontaram forte associação entre a utilização frequente de loot boxes e sintomas relacionados ao transtorno do jogo, conforme reconhecido pela CID-11 da Organização Mundial da Saúde. Estudos recentes evidenciam que adolescentes, devido à imaturidade emocional e à influência do marketing digital, apresentam maior propensão ao consumo compulsivo dessas mecânicas. Ademais, foram identificados impactos sociais, como conflitos familiares, negligência escolar e endividamento, além de riscos de transição para jogos de azar convencionais. O contraste entre países que regulamentaram a prática e o cenário brasileiro evidencia a urgência de medidas legais e educativas. Considerações Finais: Conclui-se que a falta de regulamentação específica no Brasil, somada à vulnerabilidade juvenil e à forte exposição ao marketing digital, potencializa os riscos do uso de loot boxes. O estudo reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à proteção da infância e adolescência, da criação de normativas legais específicas e da implementação de programas de conscientização digital e financeira. Dessa forma, busca-se contribuir para a construção de um ambiente digital mais seguro e compatível com os direitos fundamentais assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palavras-chave: Loot boxes; Jogos online; Adolescentes; Jogos de azar; Saúde mental.