Introdução: A obesidade infantil constitui um dos principais desafios de saúde pública no Brasil e no mundo, caracterizando-se pelo acúmulo excessivo de gordura corporal e decorrendo de múltiplos fatores, como predisposições genéticas, padrões alimentares inadequados e baixa atividade física. Dados do Ministério da Saúde revelam que 31,8% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos estão acima do peso, e 15,8% apresentam obesidade. Um dos fatores que contribuem significativamente para esse cenário é a ampla oferta de alimentos ultraprocessados nas cantinas escolares, ricos em gorduras, açúcares e sódio, e pobres em valor nutricional. Apesar de existirem políticas públicas como o PNAE e regulamentações estaduais, como a Resolução nº 703/2010 no Paraná, a implementação dessas medidas encontra-se comprometida por falhas estruturais, ausência de fiscalização e desarticulação entre gestores e profissionais de saúde. A pesquisa realizada em uma escola pública de Curitiba, PR revelou que muitos dos alimentos ofertados nas cantinas possuem alto teor de sódio, gordura saturada e açúcares adicionados, contrariando as diretrizes nutricionais propostas pela Anvisa e pelo PNAE. Além disso, alimentos considerados “menos prejudiciais” ainda assim se mostraram pobres em nutrientes, e a falta de rotulagem dificultou uma análise nutricional mais precisa. Esse cenário reforça a ineficácia da legislação vigente e evidencia a urgência de medidas regulatórias mais rígidas, associadas a estratégias educativas eficazes. A educação alimentar e nutricional (EAN) destaca-se como ferramenta fundamental para a prevenção da obesidade infantil, atuando na formação de hábitos alimentares saudáveis desde a infância. A EAN deve ser integrada ao cotidiano escolar não apenas como conteúdo curricular, mas como prática pedagógica e política institucional, fortalecendo a autonomia crítica e a consciência alimentar dos estudantes. A adoção de ambientes escolares regulados e promotores de saúde, com cardápios equilibrados e incentivo ao consumo de alimentos in natura, é essencial para romper com o ciclo de más práticas alimentares e reduzir a incidência de doenças crônicas. Conclui-se que a obesidade infantil deve ser enfrentada com ações multissetoriais, envolvendo governo, escolas, famílias e sociedade civil. A reformulação da oferta alimentar nas escolas, aliada à educação nutricional e ao cumprimento efetivo das políticas públicas existentes, é imperativa para garantir o direito à alimentação adequada e contribuir para o desenvolvimento integral das crianças. A continuidade de estudos e a ampliação da fiscalização são passos fundamentais para promover transformações reais e sustentáveis no ambiente escolar e na saúde pública. Objetivos: Analisar a oferta de alimentos em escolas, a fim de verificar a qualidade nutricional dos mesmos. Visando propor estratégias para melhorar a educação nutricional e a melhora na alimentação, combatendo problemas como obesidade, hipertensão e diabetes. Materiais e Método: Esta pesquisa será conduzida no Colégio da Polícia Militar, tendo como objetivo a análise da qualidade nutricional dos alimentos comercializados na cantina escolar, com ênfase na identificação de produtos ricos em gorduras e pobres em nutrientes. Inicialmente, será realizada uma listagem de todos os alimentos disponíveis na cantina, com o devido registro fotográfico e das informações presentes nas embalagens. Para os alimentos que apresentarem tabela nutricional, será feita a leitura e análise quantitativa dos dados fornecidos pelo fabricante, com foco nos teores de lipídios totais, sódio e açúcares. Para aqueles que não dispuserem de rotulagem nutricional, será aplicada uma abordagem experimental. Primeiramente, será utilizado um método simplificado, no qual os alimentos serão triturados e misturados em água para observar a densidade aparente e a solubilidade da amostra. A fração que flutuar será considerada rica em lipídios, possibilitando uma estimativa superficial da quantidade de gordura em relação à massa total do alimento. Além disso, poderá ser aplicada uma versão simplificada e caseira do método de Soxhlet, utilizando materiais domésticos, como filtros de café, potes e álcool em alta concentração, para extrair lipídios de forma adaptada quando o método laboratorial completo não estiver disponível. Caso haja disponibilidade técnica e infraestrutura adequada, será empregado o método de Soxhlet na íntegra, que consiste na extração dos lipídios por solvente orgânico (geralmente éter ou álcool etílico) em ciclos contínuos de percolação, utilizando equipamento específico como extrator Soxhlet, condensador e manta aquecedora. Após a extração, os lipídios serão quantificados por meio de análise gravimétrica. Por fim, os dados obtidos em ambas as abordagens serão tabulados e analisados para verificar a presença e a quantidade de gordura nos alimentos, possibilitando a avaliação do impacto nutricional dos produtos disponíveis na cantina escolar. Resultados: A metodologia pensada ainda não foi aplicada, porém a fundamentação teórica já está escrita e indica que as cantinas na realidade do Brasil ainda tem a melhorar e não seguem fielmente a lei estabelecida. Entretanto, o resultado visa conferir e verificar se o experimento corrobora com a hipótese ou quebra-a, logo também se é esperado futuramente que esta pesquisa seja finalizada e posteriormente sirva de exemplo para pesquisas futuras. Considerações Finais: Em face da necessidade urgente de garantir uma alimentação de qualidade para as futuras gerações, este estudo evidenciou que a oferta alimentar nas cantinas escolares ainda contribui para a formação de ambientes obesogênicos, comprometendo a saúde infantil. Os resultados indicam que os alimentos analisados apresentam baixo valor nutricional, o que reforça a importância de preencher lacunas relacionadas à regulação e fiscalização desses espaços. Destaca-se, ainda, a dificuldade encontrada durante a pesquisa, uma vez que muitos dos alimentos disponibilizados na cantina não possuíam rotulagem adequada, o que impossibilitou a avaliação precisa de seus valores nutricionais. Assim, torna-se imprescindível a continuidade e aprofundamento das investigações com metodologias mais rigorosas e abrangentes. Apesar das limitações, este trabalho contribui para a compreensão da necessidade premente de intervenções que promovam a oferta de alimentos mais saudáveis no ambiente escolar, sendo fundamental para orientar políticas públicas e ações educativas voltadas à prevenção da obesidade infantil.
Palavras-chave: Obesidade infantil; Alimentação escolar; Educação nutricional.