INTRODUÇÃO: A lobotomia é uma neurocirurgia que visava curar pacientes psicologicamente enfermos. Em 1949 António Moniz ganhou o prêmio Nobel pela suposta criação da leucotomia, nome antes dado à lobotomia. Antônio desenvolveu uma teoria a qual afirmava que o lobo frontal era responsável pelas doenças mentais, por isso desconectá-lo do resto do cérebro curaria o paciente. As anotações de Moniz chegaram a Walter Freeman, o principal nome quando se fala em lobotomia, ele foi o responsável pela sua popularização, principalmente nos Estados Unidos, e pelo seu nome. Walter elogiava a lobotomia e afirmava ser uma cura milagrosa além de um procedimento seguro, rápido e simples. Freeman não era cirurgião mas fazia o procedimento sem receio, em 1937 Walter manipulou uma técnica já existente e a chamou de Ice Pick.A lobotomia ascendeu rapidamente ganhando notoriedade e respeito, a mídia foi muito responsável nesse processo, não só apoiando o procedimento mas também o elogiando com vigor. Com o passar dos anos o alto risco do metodo e poucos resultados benéficos foi o principal responsável pela decadência de Walter. O estopim para o fim da era Freeman, além das mortes, o caso Rosemary Kennedy, que trouxe grandes consequências a jovem. Com o passar dos anos a mídia que estava a favor de Freeman percebeu os malefícios do procedimento e começou a apresentar no cinema críticas para a lobotomia e Walter. Filmes como “Um estranho no ninho” e a peça ”De repente no verão passado” condenam o método com veemência, o que auxiliou a moldar a opinião pública sobre o assunto. Nos tempos contemporâneos ainda existem representações cinematográficas sobre a neurocirurgia, porém, agora como uma sátira, por exemplo a série “The Boys” e o filme “Asylum”. OBJETIVOS: Analisar o impacto das representações midiáticas da lobotomia na percepção pública sobre o tratamento de doenças mentais e práticas médicas históricas, destacando as implicações éticas e sociais dessas representações. E compreender o desenvolvimento histórico da Lobotomia. MATERIAIS E MÉTODO: A metodologia deste estudo, conforme Gil (2008), é dividida em duas abordagens principais: a exploratória e a bibliográfica.A abordagem exploratória é utilizada quando o objetivo é proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses. Geralmente, esta abordagem envolve observações diretas no ambiente onde o fenômeno ocorre.Conversas estruturadas ou semiestruturadas com indivíduos que possuem conhecimento ou experiência relevante sobre o tema e análises aprofundadas de situações específicas que exemplificam o problema em questão.Essa abordagem é especialmente útil em fases iniciais de pesquisa, onde há pouco conhecimento prévio sobre o assunto e é necessário desenvolver uma compreensão mais detalhada e concreta do problema.A abordagem bibliográfica, por sua vez, baseia-se na análise de materiais já publicados sobre o tema de estudo. Isso inclui obras que abordam o tema de maneira ampla e detalhada, publicações em periódicos científicos que apresentam pesquisas e estudos específicos,trabalhos acadêmicos que exploram o tema de maneira profunda e original, relatórios técnicos, documentos oficiais e outros materiais relevantes que fornecem dados e informações sobre o assunto.Essa abordagem permite ao pesquisador compreender o estado atual do conhecimento sobre o tema, identificar lacunas na literatura e fundamentar teoricamente o estudo. Além disso, a revisão bibliográfica ajuda a contextualizar a pesquisa dentro do campo acadêmico, evidenciando contribuições e debates relevantes.Em resumo, a metodologia adotada neste estudo combina a exploração direta do fenômeno (abordagem exploratória) com uma análise detalhada da literatura existente (abordagem bibliográfica), visando desenvolver uma compreensão abrangente e bem fundamentada do problema investigado. RESULTADOS: Desse modo, é evidente que quando se trata da popularização da lobotomia é importante ressaltar que a mídia não era a única culpada de enaltecer o tratamento, mas também a falta de outras soluções para doenças como essa. Em uma reportagem publicada pelo Washington post no ano de 1947 denominada “Surgery Used on Mental Ills Shows Good Results”, é ressaltado apenas pontos positivos da cirurgia, nela o repórter elogia o doutor Walter Freeman como um gênio, esse é apenas um exemplo entre outros milhões de artigos da época que mostravam os “benefícios” da cirurgia. Não é um problema ressaltar os pontos positivos da lobotomia, mas não apresentar entre os elogios os pontos negativos ou as irregularidades do projeto, essa omissão transparece-se para o público como uma descoberta inovadora e revolucionária que poderia solucionar um grande problema da época para um emblema ainda sem solução. A mídia tinha o poder de disseminar informações e, assim, manipular a opinião popular. A representação da lobotomia na mídia é um reflexo da evolução das atitudes sociais e médicas em relação ao tratamento de doenças mentais. Desde sua popularização ..até sua condenação, a mídia desempenhou um papel crucial na formação da percepção pública. Ao analisar essas representações, podemos obter uma compreensão mais profunda das complexidades envolvidas na prática médica e da importância de uma abordagem ética e informada no tratamento de doenças mentais. CONCLUSÃO: Com base nos estudos aqui apresentados, concluímos que a Lobotomia não tinha padrões éticos rigorosos e podia proporcionar poucos benefícios, porém levar a muitos malefícios. A lobotomia com certeza é um erro e uma lição para a futura medicina, a interpretação dos acontecimentos tem um efeito poderoso sobre o presente, pois não há soluções fáceis para problemas naturais e é necessário muito estudo para uma solução bem desenvolvida. É fundamental que especialistas médicos mantenham uma perspectiva clara sobre a intervenção cirúrgica para transtornos psiquiátricos, para que a história não se repita. É importante compreendermos que a lobotomia ocorreu em uma época complicada para aqueles dotados de transtornos mentais, não havia outra forma de resolver os problemas e a falta de análise criteriosa sobre os benefícios e malefícios beneficiou a popularização da psicocirurgia. Walter Freeman nunca publicou um artigo sobre sua pesquisa e todas as vezes que apresentava em conferências médicas era visto como uma piada, ou seja, não tinha autenticidade. As críticas para essa neurocirurgia sempre foram rigorosas vindo de especialistas no assunto. Um exemplo seria a fala de Donald Winnicott pediatra e psicanalista inglês, ele afirma que a psicocirurgia consistia na destruição deliberada de partes de um cérebro saudável, a fim de provocar uma melhora no estado mental do indivíduo. Donald também criticou os psicocirurgiões por nunca definirem o que essa “melhoria” consistia em. Finalizando dizendo que os psicocirurgia criavam distúrbios permanentes, em sujeitos que, antes da operação, sofriam de patologias espontaneamente reversíveis ou tratadas com terapias menos radicais. Uma das críticas mais ácidas à lobotomia foi feita por Norbert Wiener, antes de Moniz receber o prêmio Nobel, ele afirmou “ A lobotomia tornou-se, recentemente uma moda passageira, provavelmente não sem conexão com o fato de que facilita o controle dos pacientes. Deixe-me observar que matar os pacientes tornaria esse controle mais fácil” E de visível que a época em que a lobotomia surgiu mais o desespero das pessoas auxiliou para tornala, tao grande. O complicado legado de Freeman provoca disfunções éticas e sociológicas que permanecem na atualidade. Mesmo com tantos efeitos negativos, o “tratamento” ajudou no entendimento do cérebro, principalmente, no do córtex Pré-frontal. O que mais solidifica a opinião pública sobre a lobotomia e o que foi dito pelos psiquiatras Daniel Stuart e Kennef Davis no The American Journal of Psychiatry: “ se alguém hoje sugerisse uma lobotomia frontal como meio de aliviar a angústia frontal, as respostas poderiam incluir risos sardônicos, repulsa ou mesmo indignação” Visando o que foi apresentado, o cinema foi fundamental para abrir os olhos das pessoas sobre a lobotomia, mostrando seus lados negativos, ao contrário do que grande parte da mídia fazia. Conclui-se então que a lobotomia foi importante para o desenvolvimento da psicomedicina atual e seu legado mesmo sendo sangrento contribuiu para que se solidificasse a parte crítica do cinema.
PALAVRAS-CHAVE: Lobotomia, saúde, cinema