Introdução: Desde os primeiros registros da humanidade, a água sempre foi objeto de preocupação devido à sua relação direta com a saúde e o bem-estar social. Ao longo da história, foi descoberto, em meados do século XVIII e consolidando-se no século XIX, o cloro como o agente mais utilizado no tratamento da água para consumo humano, devido à sua eficácia microbiológica, o baixo custo e à capacidade de proteção durante a distribuição. Contudo, sua utilização inadequada pode gerar impactos negativos à saúde, exigindo uma análise crítica de conscientização social para evitar problemas relacionados à saúde humana. Este estudo teve como objetivo investigar, por meio de uma revisão integrativa de literatura, os efeitos da cloração da água sobre a saúde humana, considerando tanto os benefícios quanto os riscos associados. Ademais, destaca-se a importância de iniciativas educacionais que aumentem o conhecimento da população sobre a necessidade de preservar a qualidade da água e estimular novas pesquisas que busquem métodos complementares mais sustentáveis e menos agressivos ao organismo humano. Para tanto, foram realizadas buscas nos portais Google Acadêmico e SciELO Brasil, utilizando para a pesquisa os descritores “Cloro”, “Água segura” e “Desinfecção da água”. Os resultados apontam que, embora o cloro seja eficiente na inativação de microrganismos patogênicos e mantenha a água protegida durante a distribuição, sua interação com compostos orgânicos pode gerar subprodutos tóxicos, como os trihalometanos (THMs). Apesar disso, quando aplicado dentro dos limites estabelecidos pela Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde, o cloro se mostra seguro e essencial para a garantia da qualidade da água. Conclui-se que, apesar dos riscos potenciais, a cloração continua sendo o método mais viável e seguro para o abastecimento público, mas seu uso deve ser continuamente monitorado e complementado por ações de conscientização social sobre os impactos e cuidados necessários para assegurar água potável e segura. Objetivos: analisar os impactos do uso do cloro na desinfecção da água sobre a saúde humana, a partir da produção científica relacionada ao acesso à água segura para o bem-estar, Materiais e Método: Um dos aspectos mais significativos da pesquisa é a utilização de métodos e técnicas específicas para a coleta e a análise de dados (Guerra et al, 2024). Na investigação científica, a pesquisa qualitativa é uma abordagem cuja centralidade reside na compreensão aprofundada e na interpretação dos fenômenos estudados, buscando interpretar suas subjetividades para compreender seus sentidos e significados. A pesquisa qualitativa é fundamentada em princípios metodológicos e teóricos que orientam a coleta e análise dos dados. Caracteriza-se pela busca contextualizada das fontes, pela compreensão crítica dos fenômenos, pela valorização da subjetividade e da diversidade de perspectivas e pela ênfase na flexibilidade e na adaptabilidade do processo de pesquisa. . A revisão integrativa é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a aplicação dos resultados dos estudos, na prática. É feita a partir de um levantamento bibliográfico, levando em conta a experiência dos autores na realização da revisão integrativa (Souza; Silva; Carvalho, 2010). A pesquisa de revisão integrativa corresponde a um instrumento significativo na realização de pesquisa científica, uma vez que permite que seja feita uma revisão ampla da literatura, bem como a criação de novos conhecimentos a partir da reflexão do pesquisador a partir da coleta, extração e análise de dados pré-existentes (Hassunuma, 2024). Portanto, adotou-se neste trabalho a abordagem qualitativa, por meio da revisão integrativa, para reunir, analisar e interpretar criticamente as produções científicas sobre o tema investigado. Foi realizada uma busca nas bases de dados do Google Acadêmico e SciELO Brasil, por meio dos descritores “Cloro”, “Água segura” e “Desinfecção da água”. Foram incluídos artigos que abordassem a relação entre a desinfecção da água com cloro, a segurança da água para consumo humano e os possíveis impactos à saúde. Resultados: O cloro é utilizado para a desinfecção da água, sendo seu principal trabalho a inativação de microrganismos patogênicos (Vizioli; Montagner, 2023). Portanto, quando se considera o uso do cloro como um agente desinfectante em uma Estação de Tratamento de Água (ETA), sua aplicação ocorre na etapa final, antes da água potável deixar a unidade. Essa aplicação é feita com o objetivo de assegurar a inativação de microrganismos patogênicos e garantir a segurança para consumo humano (Digimed, 2020). Devido à questão de custo-benefício, o cloro é mundialmente utilizado. Assim, por ser um produto relativamente “barato” e pela facilidade da sua aplicação em larga escala, passou a ser o agente desinfectante mais utilizado para o tratamento de água para o abastecimento humano. Além de purificar a água diretamente, ele se mantém ativo durante a distribuição, prevenindo a contaminação da água com microrganismos (JC Bebedouros, [s.d]). A sua dosagem deve ser ajustada para atender ao residual mínimo estabelecido pela Portaria nº 888/2021 do Ministério da Saúde, que determina valores entre 0,2 miligrama por litro (mg/L) e 2,0 mg/L, visando a proteção de todo o sistema de abastecimento (Brasil, 2021). Entretanto, apesar de suas vantagens evidentes, o cloro também pode gerar impactos à saúde humana, principalmente pela exposição prolongada e repetida. Em alguns casos, existe a possibilidade de o cloro reagir com os compostos orgânicos presentes na água e formar subprodutos tóxicos, como os trihalometanos (THMs), clorofórmio, entre outros, que em quantidades elevadas representam riscos à saúde das pessoas. Diferentes autores associam a dosagem de cloro com o aparecimento de câncer de estômago entre a presença de THMs com o câncer do intestino grosso em homens. Também houve associações positivas entre a presença do clorofórmio na água tratada e o risco de morte por câncer de cólon (homens e mulheres), câncer de estômago, entre a dosagem do cloro e o câncer retal (homens e mulheres) e câncer de tórax. Para mulheres também houve associação entre dosagem de cloro ou água clorada sujeita a contaminação por substâncias orgânicas com o câncer de cólon e cérebro (Meyer, 1994). O cloro em excesso pode ocasionar diversos problemas. Ao ser ingerido, o cloro pode ser assimilado pelo organismo humano. Ademais, um dos maiores riscos relacionado ao seu excesso é a parcela significativa de cloro absorvida pela pele ou inalada durante o banho, possível causa de doenças respiratórias como asma e bronquite. Outro efeito colateral é a perda de óleos do cabelo e pele, o que acelera os processos de ressecamento e envelhecimento dos locais afetados (Permution, 2022). Considerações Finais: Observa-se que sua eficácia e baixo custo no tratamento da água em grande escala superam os possíveis malefícios causados pelo produto. Por esse motivo, o cloro é a substância mais utilizada para purificação da água atualmente. Em função dos efeitos colaterais não desejados, o seu uso deve ser controlado conforme normas publicadas pelo Ministério da Saúde. Entre prós e contras, pode-se dizer que, por sua ação desinfectante, quando utilizada segundo os padrões recomendados pelas autoridades de saúde, o cloro é uma poderosa ferramenta para o saneamento e a promoção do bem-estar humano.
Palavras-chave: “Cloro”; “Água segura”; “Desinfecção da água”.