Introdução: A construção civil, um dos setores que mais consome recursos naturais, enfrenta sérios desafios quanto à sustentabilidade, especialmente pelo uso intensivo do gesso, cuja extração causa impactos ambientais, emissão de CO₂ e danos à saúde de trabalhadores e moradores próximos. Paralelamente, comunidades pesqueiras, como as de Itapissuma/PE, produzem grande quantidade de resíduos de cascas de marisco, em especial ostras, que descartados de forma inadequada podem gerar proliferação de bactérias, doenças e degradação ambiental. Diante desse cenário, o projeto nasceu a partir de uma realidade local percebida pelos alunos, filhos de pescadores e marisqueiras, que reconheceram na problemática global do descarte de resíduos uma oportunidade de propor soluções aplicáveis à sua própria comunidade. Assim, unindo ciência, inovação e sustentabilidade, buscou-se desenvolver uma alternativa que, ao mesmo tempo, reduzisse o impacto ambiental da construção civil e criasse possibilidades de valorização econômica para os resíduos provenientes da pesca artesanal. Objetivos: O objetivo principal do projeto foi investigar o potencial de aproveitamento das cascas de marisco como matéria-prima para a produção de biocerâmicas sustentáveis em substituição ao gesso tradicional. Especificamente, pretendeu-se: (1) avaliar a viabilidade técnica da transformação das cascas em placas resistentes e duráveis; (2) reduzir os impactos ambientais tanto do descarte dos resíduos pesqueiros quanto da exploração do gesso; (3) fomentar alternativas de renda para pescadores e marisqueiras locais por meio da produção artesanal das placas; e (4) promover a conscientização ambiental, científica e social, alinhando a iniciativa aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Materiais e Método: O desenvolvimento do trabalho teve caráter investigativo e aplicado. As etapas incluíram a coleta de cascas de marisco descartadas, seguida de limpeza, secagem e trituração até a obtenção de pó fino. Esse material foi misturado a aglutinantes naturais, como amido e resina, resultando em uma pasta moldável. Essa mistura foi vertida em moldes de PVC e deixada para secar naturalmente, originando biocerâmicas. Para garantir validade científica, as placas passaram por testes rigorosos de resistência mecânica, absorção de água e durabilidade, permitindo a comparação com placas de gesso convencionais. Resultados: Os resultados demonstraram que as ecoplacas de casca de marisco apresentaram resistência mecânica equivalente às placas de gesso, com a vantagem de absorverem menos água, o que aumenta sua durabilidade em ambientes úmidos. Além disso, o processo mostrou-se de fácil reprodução, sugerindo potencial para produção em escala comunitária, possibilitando geração de renda extra para famílias locais. A utilização de resíduos promoveu ainda a valorização desses materiais e reduziu a necessidade de extração de recursos minerais não renováveis. Considerações Finais: O projeto evidenciou que transformar resíduos de cascas de marisco em biocerâmicas é uma alternativa inovadora, sustentável e socialmente relevante, que alia ciência escolar e impacto comunitário. Sua aplicação fortalece a economia circular, promove oportunidades econômicas para populações pesqueiras e contribui para a preservação ambiental, alinhando-se diretamente aos ODS 8, 9, 10, 11e 12. Dessa forma, demonstra como iniciativas escolares podem gerar soluções práticas e transformadoras para problemas locais, com potencial de replicação em outras comunidades costeiras.
Palavras-chave: Bioplaca; Sustentabilidade; Ostra; Construção civil; Economia circular.